Se você está procurando um lugar onde a natureza ainda dita o ritmo da vida, onde a conexão vai além do Wi-Fi (que quase não existe por lá), e onde cada detalhe — do som das ondas ao brilho das estrelas — parece um convite ao reencantamento, a Ilha do Cardoso e a comunidade do Marujá podem ser o seu próximo destino dos sonhos.

Um paraíso escondido no litoral paulista
Localizada no extremo sul do litoral de São Paulo, a Ilha do Cardoso faz parte de um parque estadual protegido, com mais de 22 mil hectares de Mata Atlântica preservada. O acesso é só por barco, saindo de Cananéia, e essa pequena dificuldade de chegar é justamente o que mantém o lugar tão especial, quase intocado.
O que você encontra por lá? Florestas densas, trilhas, cachoeiras, manguezais, praias desertas e uma biodiversidade impressionante. Mas o grande diferencial mesmo está na forma como a ilha é vivida: de maneira simples, sustentável e profundamente respeitosa com a natureza.

Vila do Marujá: onde a vida caiçara pulsa
No coração da ilha está a Vila do Marujá, uma comunidade tradicional caiçara formada por famílias que vivem da pesca artesanal, do turismo de base comunitária e de um cotidiano leve, regido pelo sol e pela maré.
Ficar hospedado na vila é uma experiência que transforma. As pousadas são simples, mas acolhedoras, geralmente geridas pelos próprios moradores. O café da manhã vem com frutas da estação, bolos caseiros e, muitas vezes, aquele papo bom com o pessoal da casa, que não tem pressa e adora contar causos da ilha.

Noites estreladas, bioluminescência e outros espetáculos naturais
À noite, quando a luz se apaga (literalmente), a natureza acende. O céu estrelado é de tirar o fôlego. Em noites sem lua, se você tiver sorte, pode até presenciar o fenômeno da bioluminescência — quando o mar parece brilhar com partículas de luz, resultado da presença de micro-organismos que reagem ao movimento da água. É mágico, surreal e 100% natural.

Um nascer do sol no mar. Um pôr do sol no rio. E botos ao alcance dos olhos
Sim, você pode ver os dois — e ambos são memoráveis. Acordar cedo e caminhar até a praia do Marujá para ver o sol nascer do mar, com a ilha ainda adormecida, é um daqueles momentos que a gente guarda pra sempre.
E no fim da tarde, é só ir até o rio, perto da vila, e assistir ao sol se despedir atrás da serra, refletindo na água tranquila, com os barcos voltando da pesca e os pássaros sobrevoando o mangue.
Ah — e como se tudo isso não bastasse, há ainda os botos, que são presenças constantes na região. Eles aparecem com frequência nos arredores do rio e da baía, deslizando na água com elegância e, às vezes, pulando como se estivessem dançando. A abundância de peixes na área faz com que eles estejam quase sempre por perto, para a alegria dos moradores e visitantes. É impossível não sorrir ao vê-los — um espetáculo espontâneo e inesquecível.
São experiências simples, mas que tocam fundo. E que dificilmente se encontram em lugares mais turísticos e movimentados.

Um turismo que respeita, inclui e ensina
O Marujá é referência em ecoturismo de base comunitária. Isso significa que o turismo ali é feito com os moradores, não apenas para os visitantes. Quem guia os passeios, quem prepara as refeições, quem conta as histórias da ilha… são as próprias pessoas que vivem ali.
Essa troca é o que torna a experiência tão rica. Você não é apenas um turista — você é um convidado, um aprendiz, um aliado da preservação.

Dica de ouro: vá com tempo
A Ilha do Cardoso não é lugar para “bate-volta”. Ela merece calma. Leve uma mochila leve, desligue o celular (ou aceite que ele vai se desligar sozinho) e esteja aberto ao que a ilha tem para mostrar: o ritmo da natureza, a sabedoria dos caiçaras e a beleza das pequenas coisas.
Se você busca um lugar para desacelerar, se reconectar e viver a natureza em estado bruto, o Marujá te espera. E ele não decepciona.
