“Enquanto tive diante dos meus olhos a Serra da Canastra, desfrutei de um panorama maravilhoso. À direita descortinava uma vasta extensão de campinas e à esquerda tinha a serra, do alto da qual jorravam quatro cascatas. Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) em “Viagens à Nascente do Rio São Francisco”
A Serra da Canastra localiza-se na região sudoeste mineira, abrangendo as bacias hidrográficas do rio São Francisco, rio Grande e rio Paranaíba e parte do território dos municípios de São Roque de Minas, Capitólio, Vargem Bonita, São João Batista do Glória, Delfinópolis e Sacramento, com mais de 200 mil hectares repletos de belíssimas cachoeiras e cânions para serem explorados!
A paisagem é no Bioma Cerrado, um dos ecossistemas mais ameaçados, com seus campos rupestres cheios de delicadas flores. Matas de galerias com exuberante vegetação atlântica também compõem o cenário. É nesse ambiente que vivem protegidas várias nascentes e espécies de animais ameaçados de extinção, como o tamanduá-bandeira, o lobo-guará, o tatu-canastra e o pato mergulhão.
A região da Serra da Canastra possui singular beleza cênica, caracterizada por paisagens que se alternam entre planaltos e vales. O contato entre as serras e os vales se dá de forma abrupta, formando bordas escarpadas arquitetando paredões de rocha de onde desaguam excepcionais cachoeiras de águas cristalinas, algumas delas com mais de 180 metros de queda livre. Palco perfeito para praticantes esportes de aventura e também o ecoturismo.
A vida rural mantém as velhas tradições da cultura da região, como a arquitetura do século 19, os muros de pedra sem cimento, o queijo canastra e o carro de boi.
O produto típico mais importante da região é o queijo Canastra, artesanal e feito de leite cru. Produzido do mesmo jeito, há mais de 200 anos, já conquistou vários prêmios internacionais.
É primo distante do queijo da Serra da Estrela, em Portugal, trazido pelos imigrantes da época do Ciclo do Ouro. O clima, a altitude, os pastos nativos e as águas da Canastra dão a esse queijo um sabor único: forte, meio picante, denso e encorpado. Desde maio de 2008 o queijo canastra é patrimônio cultural imaterial brasileiro, título concedido pelo IPHAN, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e desde 2012 é protegido pela Indicação de Procedência concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O Parque Nacional da Serra da Canastra foi criado em 1972, com 71.525 hectares e seu grande objetivo foi a proteção das nascentes do rio São Francisco, o curso d’água mais conhecido que brota no imenso chapadão em forma de baú ou canastra. A Serra da Canastra situa-se no divisor de duas bacias hidrográficas: a do rio Paraná e a do rio São Francisco. Da bacia do Paraná, um dos rios mais conhecidos que nascem no chapadão é o Araguari, também chamado de Rio das Velhas na parte inicial. Foi às margens dele que no século 18 surgiu o garimpo de ouro que deu origem à histórica vila de Desemboque, marco de toda a ocupação do Brasil Central.
Os atrativos mais visitados do Parque são a nascente histórica do rio São Francisco e a Casca D’anta, que é a primeira cachoeira do rio São Francisco com 186 metros de queda livre.
Destaca-se também a Cachoeira do Fundão; o Curral de Pedras, um curral feito amontoando-se manualmente pedra sobre pedra, que era utilizado para conter o gado durante a pernoite dos tropeiros.
Sem falar em Delfinópolis com suas mais de 180 cachoeiras catalogadas e os vários complexos abertos para visita como o Complexo do Claro, Paraiso, Zé Carlinhos, do Ouro, Paraiso Selvagem, do Luquinha, Santa Maria, do Baú, etc. e as deslumbrantes paisagens do Condomínio de Pedra e Caminho do Céu.
São João Batista do Glória com a Serra do Letreiro, sítio arqueológico com inscrições rupestres, o 4×4 da Fazenda Vitória e a Lagoa Azul com suas as piscinas naturais da pedreira desativada.
Bom, poderia ficar horas aqui, relembrando e descrevendo cada cachoeira, cada recôndito da serra; mas a sensação de estar presente naquele lugar e de agradecer como a natureza é extraordinária e grandiosa é única, você precisa sentir na pele!
E ainda hoje, todo esse conjunto preservado é de surpreendente beleza, assim como descrito pelo naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire.
Quer embarcar nessa aventura? Preparamos um roteiro pensando em você, com uma pitada especial de cada cantinho, vem com a Trilhe!