Nas curvas da Estrada Velha do Mar
A transposição da Serra do Mar, conhecida também como “A Muralha”, é mais antiga do que a chegada dos Portugueses no Brasil.
Os indígenas que aqui moravam, costumeiramente subiam e desciam a serra através da então chamada Trilha dos Tupiniquins, havendo grande intercâmbio entre as tribos.
Frente a diversos ataques de tribos rivais, o governador Mem de Sá solicitou aos jesuítas a abertura de um novo caminho, chamado Caminho do Padre Anchieta.
Este caminho serviu como rota de comércio por vários anos, mas tornou-se obsoleto, visto que o trânsito de muares era inviável e essa era a forma mais rápida para escoar a produção de açúcar do planalto até o porto de santos.
Então, em 1792, um novo trajeto foi aberto a mando do governador da capitania de São Paulo, Bernardo José Maria de Lorena. Era pavimentado em lajes, uma extraordinária obra de engenharia para o período: a Calçada do Lorena.
Por essa mesma rota que D. Pedro subiu a serra para proclamar a independência, no dia 07 de Setembro de 1822.
Com o aumento do fluxo de produtos para o porto e o tráfego de carros de boi, a rota foi melhorada duas vezes, não só na sua estrutura, como no seu traçado também, tendo seu nome alterado para Estrada da Maioridade, em 1846 e posteriormente Estrada Vergueiro, em 1864.
Foi usada por automóveis pela primeira vez em 1908 e no início de 1920 foi pavimentada com concreto e tornou-se a 1ª rodovia da América Latina. A estrada então foi chamada de Caminho do Mar ou Estrada do Mar.
Era o caminho obrigatório para a Baixada Santista, mas com a inauguração da Rodovia Anchieta em 1947 caiu em desuso e foi chamada de Estrada Velha. Em 1985 foi desativada.
Transformada em um pólo de ecoturismo em 2004, exibe belas paisagens da Mata Atlântica, mirantes incríveis do litoral e possui monumentos históricos belíssimos.
Nos 9 km de descida, você encontrará primeiramente a Casa de Visitas do Alto da Serra. Vale a pena dar uma paradinha e conhecer a história e funcionamento da Usina Henry Borden. Você poderá avistar também o Reservatório do Rio das Pedras, que, juntamente com a Casa de Visitas, foram construídos para fazer parte do complexo da Usina.
Em 1922 em comemoração ao centenário da independência brasileira, vários monumentos foram construídos na serra e em cada um deles há um monitor para explicar sua história.
O Monumento do Pico está localizado no ponto mais alto da Calçada do Lorena, você tem uma vista esplêndida da Serra do Mar e do litoral paulista.
Construído já na descida da serra, mas bem no alto, antes de começar as grandes curvas. O Pouso de Paranapiacaba era um ponto de parada para os carros, onde se aprontavam para a descida ou descansavam depois da subida. Dispunha de uma bica para fornecer água para os radiadores dos carros.
Marcando o primeiro encontro da Calçada do Lorena com a estrada, está o Belvedere Circular.
O Rancho da Maioridade é o monumento mais popular, envolto em boatos que se espalharam no decorrer da história, que Pedro I se encontrava com a Marquesa de Santos nesse local, o que é totalmente ilógico, porque eles romperam o relacionamento em 1829 e a marquesa morreu em 1867. O imperador voltou para Portugal em 1831, morrendo em 1834 e o Rancho foi construído em 1922.
Construído também com o intuito de descanso para os carros e seus passageiros. No começo havia até uma garagem, oficina para consertos de automóveis e acomodação para possível pernoite. Também havia uma bica neste local.
Já o Padrão do Lorena marca o segundo encontro entre a Calçada do Lorena e o Caminho do Mar. Possui azulejos pintados de azuis que representam os tropeiros e mulas com mercadorias no século 18.
A partir desse ponto o retorno é feito com o mesmo transporte que deixou você no início da caminhada e os dois próximos monumentos você avistará de dentro do veículo.
O Pontilhão da Raiz da Serra foi construído sobre o Córrego do Cafezal e define o fim do trecho de serra. O Córrego Cafezal foi desviado assim como o trajeto da Estrada do mar, devido à construção da refinaria em Cubatão.
Inserido na área urbana de Cubatão, o Cruzeiro Quinhentista foi realocado em 1970, em razão de alterações urbanísticas. Simboliza a fase inicial de ligação entre o litoral e o planalto. Em seu local original, mais próximo da serra, marcava o ponto de cruzamento do Caminho do Padre José com o Caminho do Mar.